SERTÃO
ARQUITETOS
Restaurante Cuscuz da Irina
2022
Vila Madalena, São Paulo, BR.
234m²
Fotos: Guilherme Pucci
O Restaurante Cuscuz da Irina surgiu para compartilhar a culinária e a potência criativa do nordeste. Nas palavras de Irina “Nessa cumbuca tem aconchego, resistência, diversidade, humanidade, alegria, sonhos, sabores leves, visão ancestral e caminhos do ser. Todo alimento aqui servido foi semeado e colhido por histórias de vida que tem sede de um mundo melhor” e era importante que o espaço refletisse essa história.
Quando o Sertão foi convocado a fazer parte da construção do Cuscuz da Irina, o imóvel residencial já estava passando por uma obra de ampliação. Nos encontramos com um imóvel totalmente em obras e foi preciso parar a obra em andamento, desenvolver o projeto com um prazo estreito para que fosse possível começar a ver as cores tomando conta daquela casinha. Mas desde o início já era possível ver a vocação para o restaurante, preservando as características que remetem à memória afetiva da casa de vó. “O portão com gradil metálico, as janelas de madeira, o telhado de duas águas eram características que iam de encontro com a atmosfera do restaurante. Resgatando as origens de Irina, o novo espaço deveria evocar lembranças e memórias afetivas dos novos usuários” resume Sertão.
A aposta foi manter grande parte dos elementos originais, como portão, janelas, guarda-corpos e telhado e a partir deles ressignificar os espaços. Para a antiga garagem foi proposta uma transformação em varanda, incluindo bancos comunitários e um piso de seixos polidos que lembra a areia da praia. As paredes ganharam uma intervenção em cobogós (elementos da arquitetura brasileira) para organizar a entrada, janelinha de pedidos e infra-estruturas elétricas e de gás. A vegetação alta e tropical terminou de compor a varanda típica da casa brasileira.
O térreo foi dividido em 2 áreas: O salão e a cozinha. O salão além de abrigar o caixa e entrada para o banheiro acessível, dá frente para o Bar, onde a Chef em pessoa finaliza os pedidos. “A composição da paleta de cores e texturas partiu de uma investigação da Marca do restaurante, das cores do cuscuz, da culinária nordestina e do fazer manual e artesanal.” Explica Sertão. No salão, a bancada amarela com textura remete à cor do cuscuz, fazendo contraste com o cimentado rosa do piso e paredes. “Optamos por acabamentos manuais que evocassem o fazer artesanal do cuscuz”, complementa.
No andar superior, o desafio foi integrar as duas salas existentes em um grande salão para mesas, porém havia uma viga invertida que não poderia ser retirada no centro do salão. Então a solução foi criar uma grande mesa comunitária central, tirando proveito da viga e permitindo a integração das salas. Nesse salão, o direcionamento foi ter paredes brancas e neutras para que sejam tela de pinturas e intervenções da arte. Já o terraço ganhou uma arquibancada e mesas para refeições externas, com o mesmo revestimento que evoca areia de praia.
Os dois banheiros seguiram o mesmo conceito e paleta de cores do projeto, sendo o térreo amarelo e o do superior em cor de rosa. O fazer manual é visível nas texturas de paredes e piso, na bancada de madeira de demolição e na cuba de cerâmica feita pela ceramista Bia Correia.
O conceito do restaurante é fugir dos símbolos nordestinos clichês e evocar a ideia do Nordeste Moderno, tanto na comida como na ambientação. Nesse sentido a decoração abre espaço para a rede de relacionamentos da chef, que convoca amigas e artistas para ocupar cada cantinho. Como o restaurante tem uso diurno, a iluminação surge de forma discreta e complementar.
Por fim, o andar inferior abriga a área de serviços, funcionários, pré-preparo e escritório, com acesso independente para fornecedores, de forma a não cruzar o fluxo de serviços com o fluxo de atendimento ao público.
Fotos do Imóvel residencial como o encontramos, antes do projeto do Restaurante.
